domingo, 25 de janeiro de 2015

O lobo e o dogue

Magro e faminto lobo encontrou um médio e gordo dogue. Veio-lhe vontade de mandá-lo para o bucho; mas o cão mostrava não ser dos que se deixam facilmente vencer. Mudou, pois, de parecer, e tendo refletido, disse: Muito folgo, primo, de ver-vos assim tão belo, e de pelo tão luzido, enquanto ando eu sempre magro e arrepiado. - Se fizesses o que eu faço, tornou- lhe o dogue, viverias como vivo. 
Moro em uma casa em que todos me querem bem; tratam-me como um duque: e só tenho o trabalho de ladrar à noite, quando dou fé de ladrões. Se te agrada esse ofício, eu te apresentarei a meu amo, e, por mim recomendado, serás aceito." O lobo não soube como agradecer.. Puseram-se a caminho. Então reparou o lobo no pescoço do dogue, e perguntou-lhe: O que é isto, primo? tens o pescoço esfolado? 
- Não te dê isso cuidado, tornou-lhe o cão; de dia, para que não morda aos que entram em casa, prendem-me a uma corrente; porém de noite estou solto, e posso fazer o que me dá na cabeça. - Então de dia estás acorrentado por semelhante preço não quero a tua fartura; antes livre e faminto, do que cativo e farto. 

                                                                                           Rafael sousa  5b  n19